sábado, 20 de janeiro de 2018

Amor não amarra, oferece asas

Sobre dar espaço e liberdade a quem se ama.
E como isto pode ser difícil de entender.
Queria falar sobre isto, vamos lá...
O contexto....

Hoje é sábado, 20 de janeiro de 2018, 20h57 min.
Sábado passado era 13/01 no Brasil e domingo 14 na Nova Zelândia.

E, na NZ, mais especificamente em Auckland, está meu filho.
15 horas a frente, horas viajando e sei lá quantos mil quilômetros de distância.
Ele completou 18 anos em dezembro e desde os 13 ou 14 ele sonha em conhecer NZ.
Eu e o pai demos, como presente de vida, a experiência de um intercâmbio lá.
Dois meses sozinho se virando por lá. Optou por uma residência estudantil, resolveu tudo na escola, já fez sua prova de avaliação - se saiu bem. O que é muito bom!! #orgulhinhodemãe

Já foi ao supermercado, cozinha seu próprio jantar e almoço e tem se resolvido por lá. Nestes 7 dias já foi a praia e hoje sábado aqui, domingo lá, esta conhecendo uma cidade próxima.

Eu tive uma semana tão louca que ainda não deu para sentir falta e estou bem feliz por ele estar se virando, se cuidando, cozinhando para economizar sua cota diária  afinal não trabalhamos com gastos liberados rsrsrs.
Ele parece feliz fazendo amizades, viajando e aproveitando a escola.
Meu marido está sentindo um pouco mais a falta dele e tem uma tendência a querer acompanhar tudo pelo whatsapp, mas nada exagerado demais e sim muito amor.

Tudo muito normal até aqui, mas.... no tempo de preparo desta viagem escutei comentários do tipo: vai sozinho como vocês tem coragem? Nossa eu não deixaria de jeito algum? Do outro lado do mundo, como assim? Não é perigoso? Se fosse comigo eu não teria um minuto de paz enquanto não voltasse....

Mais próximo do dia da viagem as perguntas eram: Então, como está o coração? Já esta com saudade? Preparada para perder o sossego? Nossa você é muito desapegada!!!
E na brincadeira de uma conversa, escutei até está: você não é mãe não?! Como pode estar tranquila assim??

Neste ponto que me deu vontade de escrever.
Porque o nosso modelo de amor é tão cheio de "pré-conceito". Mãe cuida, mãe protege, mãe não solta as amarras;
Eu cresci com uma mãe que me amou muito, do jeito dela, todo especial e muito libertador.
Ela nunca me quis para ela. Ela me queria por perto, afetivamente por perto. Não necessariamente perto fisicamente.

Quando eu, única filha mulher, lhe contei sobre o convite de trabalho que me traria para Brasília, ela abriu um sorriso e me disse: Vá, minha filha, vai construir a sua vida e seja feliz por lá! Em momento nenhum questionou a distância ou lamuriou a nossa falta, Ao contrário, todas as vezes que vinha por cá ficava feliz de nos ver feliz por aqui.

Este tipo "de pensar e agir" é fácil para mim pois cresci assim. Tendo minha mãe como mestra.
Ela sempre me incentivou a sonhar e me ajudou a buscar ferramentas para realiza-los.
Me mostrou no dia a dia o que são bons valores. Me ensinou os traquejos da vida.
Confiava em mim e cada boa atitude que eu tinha ela soltava o cordão (umbilical) um pouco mais, me oferecendo mais espaço para viver a minha vida da forma que eu quisesse e sempre, digo sempre mesmo, não me pouco em descrever as consequências de escolhas erradas.
Amadureci rápido e quando fiz 18 anos além de ser independente, eu era autônoma.

Mas não é comum né???
Todo dia alguém me pergunta: e ai? Como está o coração? Como você consegue?
O dia que falei que não deu para sentir falta ainda, me olharam com olhares tão diferentes que me senti na obrigação de explicar:
- Vou sentir saudade, claro. Eu o amo. Não sou insensível. Faz falta tê-lo por perto, do parceiro de bolo com leite gelado, de abraço apertado com um "vc me ama mãe?". A casa fica vazia, mas é isto. E meu coração está feliz porque possa ajuda-lo a realizar o sonho dele. Então, se estou feliz, não tem razão para sofrer com a distâncias, certo?!.
Por tudo que eu ouvi de mães mais velhas e bem mais jovens que eu,  o "padrão de amor" ainda hoje é apegado, controlador e possessivo. Mãe "padrão" tem ciúme e é controladora, ainda que não tenha consciência disto.

Eu escolhi ter um filho e ele é muito amado. Desejo que ele esteja, afetivamente, próximo a mim, que possamos nos apoiar e curtir um ao outro com muita alegria.
Porém, o meu filho amado, não é meu. Ele é do mundo, do seu destino e de seu propósito.
Será nosso parceiro de vida se assim quiser e se for feliz assim.
E minha felicidade pessoal também não depende disto.
Meu parceiro de vida, de conversas a noite, confissões e medos. A mão com a qual conta e espero ver a todo tempo por perto é meu marido. Construímos nossa vida com amor e parceria,
Contamos com o nosso amor e com o outro e também somos livres para ir, mas queremos estar juntos.
O fruto desse amor é livre desde o primeiro dia que o desejamos.
Livre física e emocionalmente.
Não queremos ter controle sobre ele. Queremos vê-lo feliz e que faça pessoas felizes por onde passar!

E você o que acha de tudo isto?
Eu gostaria de saber o que você pensa sobre isto.
Eu tenho necessidade de escrever para organizar os pensamentos e assim fazer uma avaliação de mim mesma. Gosto de rever o que eu penso e so consigo fazer isto escrevendo...
Me ajuda e talvez ajude alguém...

Sem pretensão alguma de ser escritora...deixo beijos e asas para quem quiser oferecer aos seus amores!!!
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